Sou uma acadêmica
7 anos, um antidepressivo
e um ansiolítico depois, finalmente,
irei para o antepenúltimo período
do curso de farmácia em uma federal.
uma tomografia de crânio,
algumas visitas ao pronto
socorro e outras aos profissionais de psicologia depois, terei alguma
ilusão de um futuro digno.
incluo na lista do sacrifício
as idas ao inferno
da discriminação motivada
pela cor da minha pele e a
textura do meu cabelo
(em pleno 2024, é atraso!).
decerto, química, bioquímica e
as profissionalizantes são os
meus menores problemas.
para desgosto de muitos,
há mulheres pretas, pobres,
que são inteligentes.
problema mesmo é o racismo
institucional, que torna as nossas
jornadas acadêmicas 524 vezes
mais difíceis, além de nos excluir da
mínima possibilidade de meritocracia.
mesmo assim, há quem
diga que o racismo não é
real, ainda que a cada 23 minutos
morra um jovem preto no
país da democracia racial.