O sangue do diácono

Um diácono sóbrio me passou uma visão

Um terço do mundo é pecado, o resto é missão

Não me contemplou em sua oração

Mas pediu-me que reivindicasse perdão.

Não lhe dei ouvidos, antemão

Até hesitei em minha sublime aceitação

Pensei, "só sei que nada sei" então

Calei me com um beijo de sermão.

Não te tornas impuro à tua própria espécie

Caso decida seguir tua própria história, não negue

Caso decida seguir tua própria vontade, segue

Mas responsabilize-se pelas consequências, e persegue.

Desfruta da palavra da tua crença maior

Não dirás a ti mesmo, profanidades contra tua existência

Nem se de ti, quiserem arrancar um dedo, meça clemência

Enquanto vivo, ser livre é uma prisão de dor e amor.

Não me faça pecar em te amar tanto

Não me faça matar, suplico ao Santo

Não me faça odiar, e vê-los ao pranto

Mas arrombe as portas da falsa visão.

E num último suspiro, me vejo pelado

Acordado como um vampiro pálido

Perdido em meus próprios pesadelos

Alimentando-me com mágoas e medos.

Roubo a essência, teu sangue irmão

Descarnando teus ossos no chão

Não esboças qualquer reação

É como se aceitasse o que vem então.

Abre teus olhos, dê um grito

Quebre a corrente da tua alma

Não há como matar quem está morto

Por isso, largo teu corpo, o solto com calma.

Em meio a tempestades, teu chefe ordena

Tu me tens distante, mas gostaria de ser levado

Para longe do sórdido mundo humano

Fizeste do teu sonho de criança, um engano.