Tic Tac

À maresia, me renovo

À penumbra, me escondo

À mão, sou desenhado

À tinta, me transformo.

Numa casa de palha

Num cortejo à navalha

Úmeros teus descarnados

Sob a pedra de lamentos saturados.

Tic Tac, subconsciente contando...

Toc Toc, batendo à porta da minha mente...

Corajosos votos tomados pela luxúria

Desapegam-se às margens da lamúria.

E se te esquecer for uma benção

Não quero ser amaldiçoado com amor

Amor sínico, amor de plástico, não!

Prefiro viver às represas da solidão.

Num fluxo onde ninguém me ouve chorar

Onde não se pode gastar, só dar

Tende ser ignorante, aquele que me aguardar

Para mostrar o semblante, do que ali, não há.

Gosto-te, me tens a contar

Um pouco de como me sinto

Não sei se consegues me ouvir, mas

Não te percas do pouco que tens de mim.

Não se esqueça da dor, quando não sentir-se feliz

Nunca se esqueça do quanto lutou, quando não sentir-se vitorioso

Mas se esqueça das palavras que te cortaram como lâminas

E deixe o rio de lágrimas levar para longe, volte a sorrir.