Juras

As juras que fiz

Muitas mal feitas, incompletas

Largadas pelo meio do caminho

Juras de um tempo diferente

Onde o sol nascia de um lado

E se punha do outro

Com tanto espaço entre um momento e outro

Que o tempo parecia passear mais devagar

E tampouco andava pois ainda não sabia andar

E quem dirá correr então...

Juras de um garoto menos quieto, pois não era amargo

Menos amargo, pois não estava sozinho

Menos sozinho, porque o mundo naquele tempo eram todas as pessoas pelo caminho

E as viagens no quintal pareciam verdadeiras odisséias

Intermináveis, até que todos se cansassem e fossem embora

Juras de alguém que não pensou que haveria um dia em que ninguém voltaria

Que a brincadeira cessaria

E que o mundo nunca mais seria o mesmo

Que os amigos partiriam

Os amores brotariam

O recreio acabaria

O trabalho começaria

E todas as decepções se acumulariam

Até que não houvesse mais um pingo de felicidade na cabeça

Só lembranças de criança

Dessas juras da gente...