Sombras do Espelho.
Nas sombras do espelho eu me perco,
A imagem que vejo não é meu eu inteiro.
Cada ruga, cada falha grita alto,
Num silêncio cruel, que ecoa calado.
O reflexo me devolve o que eu temo,
Um olhar cansado, sem muito apelo.
Coração pesado, palavras não ditas,
Carrego o fardo das promessas vazias.
As comparações se arrastam como corrente,
Fazendo da vida um julgamento presente.
Esqueço a cor que pinto no mundo,
E sinto-me invisível, num grito profundo.
Mas, mesmo que a voz interna me machuca,
Há uma centelha, uma chama ainda viva.
Entre a escuridão, uma esperança se refaz,
Talvez, amanhã, eu me veja em paz.