Inexistente

Sou sempre o depois,

no fim da lista de quem se lembra,

o nome que surge quando não há mais tempo,

o convite que só vem na ausência dos outros.

Nas rodas de amigos, sou o eco distante,

a voz que ouvem, mas não escutam.

Estou presente, mas nunca sou o foco,

uma peça que só preenche o vazio no fim.

Minhas ideias ficam na sombra,

meus desejos, guardados para mais tarde.

Sou o que sobra, o que cabe quando convém,

a segunda escolha no jogo das prioridades.

E quando o mundo corre, fico parado,

vendo a vida passar pelos outros.

Sou sempre o apoio, nunca o centro,

o ombro que acolhe, mas nunca é abraçado.

A solidão não é falta de companhia,

mas a ausência de ser visto, de ser lembrado.

Estar ao redor, mas nunca no meio,

ser parte de tudo, mas invisível a todos.

lunaviii
Enviado por lunaviii em 15/09/2024
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