Inexistente
Sou sempre o depois,
no fim da lista de quem se lembra,
o nome que surge quando não há mais tempo,
o convite que só vem na ausência dos outros.
Nas rodas de amigos, sou o eco distante,
a voz que ouvem, mas não escutam.
Estou presente, mas nunca sou o foco,
uma peça que só preenche o vazio no fim.
Minhas ideias ficam na sombra,
meus desejos, guardados para mais tarde.
Sou o que sobra, o que cabe quando convém,
a segunda escolha no jogo das prioridades.
E quando o mundo corre, fico parado,
vendo a vida passar pelos outros.
Sou sempre o apoio, nunca o centro,
o ombro que acolhe, mas nunca é abraçado.
A solidão não é falta de companhia,
mas a ausência de ser visto, de ser lembrado.
Estar ao redor, mas nunca no meio,
ser parte de tudo, mas invisível a todos.