O Demônio no Meu Coração
Enclaustrado entre a empatia,
Acorrentado pela sanidade,
Um demônio aguarda.
Plácido, perspicaz, pensativo.
Sua origem é incerta,
Talvez anterior a minha própria
Mas ele continua lá, esperando.
Admira, aprende, adapta.
Sua carne é puro ódio,
Sua essência, raiva borbulhante,
Ambas prontas para explodir.
Violento, voraz, vil.
Seu contento, são meus desesperos,
Minhas falhas, sua alegria,
E minha fraqueza, sua chance.
Cólera, caos, cataclismo.
Seus sussurros gritantes
Exaltam meus desejos egoístas
E tenta-me a libertá-lo.
Goza, glória, ganância.
Seu imenso poder desvirtuoso,
Macula meus neurônios,
E corrompe o que penso.
Rancor, revolta, raiva.
Mas a carcaça mantém-nos,
Numa união paradoxal,
Atada por iguais objetivos.
Inseparável, irônico, inimigo.