Restrição ou autocuidado (o que tenho para fazer você ficar?)

Guardo em estantes o silêncio e o medo,

como um segredo sussurrado ao nada.

Evito abrir portas,

como se cada entrada fosse uma ameaça

de partida (e eu não quero perder)

de ver o vazio retornar ao seu ponto inicial,

como uma sombra de uma vela acesa

para se esconder quando ela se apaga.

Há um vazio no meu peito ,

feito de inseguranças antigas,

tecido de palavras não ditas,

de receios que não ouso nomear.

É um medo sem forma,

sem rosto,

sem nome,

sem...

apenas uma presença constante,

um temor velado de que,

no final das contas,

não há nada em mim que faça alguém ficar.

O tempo passa devagar (parando a mim)

e nas horas mortas da madrugada (onde eu sempre morro),

o silêncio se torna uma companhia (me quebrando e sempre amontoando os cacos),

mais próxima do que qualquer abraço.

Me vejo sozinho (acho que mereço),

procurando algo para preencher o vazio (eu sou o vazio?)

uma promessa que nunca se concretiza,

um rosto no escuro

que nunca se revela.

A saudade bate (me quebrando sempre por inteiro),

não do que foi,

mas do que nunca chegou a ser (posso desejar você?),

É uma dor que dói (não têm remédio que me cure),

por aquilo que nunca aconteceu ( desejo que acontecesse),

por abraços que nunca senti,

por risos que jamais ecoaram

nesta casa solitária do meu coração.

É uma ausência que preenche todos os cantos,

como se o vazio fosse,

na verdade,

a única coisa a ocupar espaço (meu imenso vazio).

E então, busco afeto (me adore)

em olhares perdidos,

em promessas veladas ( olhe nos meus olhos),

em palavras que, ao serem ditas(sussurra no meu ouvido),

parecem ecoar de volta a mim,

como um som que bate na parede

e retorna sem se completar.

Quero acreditar no afeto (no sentimento de ser amado),

na possibilidade de um amor genuíno,

de uma presença verdadeira,

mas temo que, no final,

o que tenho a oferecer

seja tão etéreo quanto o ar

que respiro em momentos de desespero.

Talvez um dia,

alguém entre sem bater,

fique sem razão,

e faça da minha solidão

um abrigo compartilhado,

onde não haja a necessidade

de ser perfeito,

mas apenas humano,

com todas as falhas e medos

que nos tornam quem somos.

Mas por enquanto,

sigo fechando janelas,

trancando portas,

erguendo muralhas ao redor do meu coração.

Não por falta de desejo,

mas pelo medo que transborda,

pela certeza que, ao abrir as portas,

também abro caminho para a dor.

Então me isolo,

meu silêncio é meu escudo,

minha solidão, minha fortaleza,

na esperança de que,

ao menos,

ela nunca me deixe.

VICTOR EMMANUEL OLIVEIRA
Enviado por VICTOR EMMANUEL OLIVEIRA em 29/08/2024
Reeditado em 29/08/2024
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