O filho pródigo
Nasci com a alma de indigente
implorando amores sem vida
perambulando sonambulo sob o conforto torto do acaso
sem aviso uma esperança confusa as vezes me conforta
mas a mão torta do destino sem pesar ou pudor mais uma vez me pesa
é meu coração a se contorcer sob o desígnio de amar que não me ama
minha dor aplaude o destino que mais uma vez lhe recicla
Nasci com a coragem dos que se precipitam
e o arrependimento dos que não tentam
não, não estranhe sou vazio como o tédio
aquele tédio que lhe sobra depois de um fora
como aquela hora morta que ressuscita em ti sua tristeza
aquele fio de certeza que morre em ti
feito aborto do filho que se queria
Estou podre como tudo que tenta, tenta e não consegue
Não sei se sou deserto ou destroços
Não sei se sou remorso vivo
ou se agonizo sozinho a olhos vistos
Triste sina quem recomeça, recomeça e nunca termina
Da luz que me ofuscastes só me resta esta ofuscante escuridão
E do amanhã só querias não repetir mais esta ilusão