O filho pródigo

Nasci com a alma de indigente

implorando amores sem vida

perambulando sonambulo sob o conforto torto do acaso

sem aviso uma esperança confusa as vezes me conforta

mas a mão torta do destino sem pesar ou pudor mais uma vez me pesa

é meu coração a se contorcer sob o desígnio de amar que não me ama

minha dor aplaude o destino que mais uma vez lhe recicla

Nasci com a coragem dos que se precipitam

e o arrependimento dos que não tentam

não, não estranhe sou vazio como o tédio

aquele tédio que lhe sobra depois de um fora

como aquela hora morta que ressuscita em ti sua tristeza

aquele fio de certeza que morre em ti

feito aborto do filho que se queria

Estou podre como tudo que tenta, tenta e não consegue

Não sei se sou deserto ou destroços

Não sei se sou remorso vivo

ou se agonizo sozinho a olhos vistos

Triste sina quem recomeça, recomeça e nunca termina

Da luz que me ofuscastes só me resta esta ofuscante escuridão

E do amanhã só querias não repetir mais esta ilusão

Denis Glauber da Silva Reis
Enviado por Denis Glauber da Silva Reis em 25/08/2024
Reeditado em 04/10/2024
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