Percebo-me
Na presença do apavoro que me rodeia,
Permito-me ficar, Sentir, para ter o que relatar.
Se é que alguém, há de se interessa.
Me deito, para degustar,
Do sabor que me arrepia,
Íntegro e doce, alimento-me.
Meu acalento é onde me sustento,
Eu mesma sou caneta e folha,
Sou um gesto, já nua, me derreto.
No silêncio, os meus pensamentos,
Quebram a solidão e a monotonia,
Eles e meu coração, em profunda harmonia.
Ao me olhar no espelho,
Me aqueço, meu corpo incendeia,
Pereço, em meus próprios tormentos.
Ainda que me admire, odeio-me,
Me desejo, mas afasto-me de mim,
Sendo assim, não me toco mais. Percebo-me.