Cavalo de pau 

 

 

Em dado hemisfério, o plano é irretocável. 

De cócoras, observando a cerca,

deixo o sol iluminar a flanela xadrez estampada.

Ninguém sabe, mas a cena 

quase que encerra os anos cinquenta.

A esfera indestrutível 

absorve os contratempos e a vida segue.

Comigo, vai o meu cavalo de pau. 

Um objeto que balança sobre pés de linhas curvas.

O futuro chega em cada impulso para frente 

e retrocede quando volta. 

É como se o relógio voltasse para a mesma hora a cada hora que avança.

Porque a infância é obra de ninguém

sem projeto de futuro

onde o tempo não passa.

 

                                     Imagem: br.freepik.com