Chave
Gosto mesmo de falar de amores, saudades, rios, árvores e flores
Mas hoje vou tocar verdades
Nada de mar de rosas, estrela Dalva, águas alvas
Hoje vejo cicatrizes , não falarei de bem nascidos
Falarei do nascer virado não pra lua
Mas pra vida nua e crua
De choro baixinho encolhido e quieto
Amparado pelas cobertas
Dos silêncios escondidos atrás da portas
Das esperas sem chegadas
Da dor de apanhar e não poder falar
Do engolir em seco sal das lágrimas
De garganta que queima
De ausências e perdas
Carências
De tudo e de todos
De se fechar até o ponto de saber que
Ou se arromba a porta ou se encontra a chave
Optar pela chave, leva tempo
Longo e precioso tempo de aprendizado
Acertos e erros um passo e outro
Palmo a palmo e o viver calmo
Aprender a lição e ter razões
Para falar de amores, saudades, rios, árvores e flores