Máquina do Tempo Perdido

Rostos sem nome, passos apressados,

Vivemos na esteira do tempo,

Onde o tic-tac é o mestre,

E nós, meros servos da rotina.

A vida, reduzida a listas,

Tarefas que marcam nossos dias,

Sem cor, sem brilho,

Apenas o vazio do dever cumprido.

Abraços? Raros, apressados,

Toques que deveriam aquecer,

Mas que se perdem na pressa,

Como folhas varridas pelo vento.

O perdão, palavra esquecida,

Amor, um eco distante,

Valorização, uma lembrança

Que se desvanece na correria.

Nos tornamos autômatos,

Engrenagens de uma máquina incansável,

Onde o sentir é supérfluo,

E o ser é mero reflexo do fazer.

Paramos para refletir? Quase nunca,

A vida nos empurra, nos arrasta,

E, na pressa de chegar ao fim do dia,

Esquecemos de viver, de verdade.

Mas, e se parássemos,

Se quebrássemos o ciclo,

Redescobrindo o calor de um abraço,

O valor de um sorriso sincero?

Talvez, então, encontrássemos

A humanidade perdida,

Nas pequenas coisas, nos gestos simples,

Que nos lembram que viver é mais que existir.

E assim, ao sair do automático,

Redescobriríamos o que nos torna humanos,

A conexão que transcende o tempo,

E dá sentido ao nosso breve caminhar.

Nêrilda Lourenço
Enviado por Nêrilda Lourenço em 16/08/2024
Código do texto: T8130558
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