Esconderijo

Se transbordasse não caberia… Folha em branco é espaço apertado demais para tanta incompletude. 

Nem se derramasse lágrimas com o nanquim dos séculos seria o bastante. 

Não há palavras para preencher o abismo. 

Não há silêncio tão barulhento quanto o que mora aqui dentro. 

Alinhavados pelo tempo… 

Retalhos de dor remendam cicatrizes. 

Tanto ainda a curar…

Tanto ainda para expandir…

Tanto… Quase excessos!

Há uma linha de perdão, também, traçando o caminho da vida. 

Mas, nem tudo é tão romântico. 

O vermelho muitas vezes é sangue puro. 

Fluxo de intensa perda vital. 

O que se esvai, não volta. 

O vazio que fica reconstrói nova história. 

Das cinzas, outro fogo.

Parecem vagas as palavras despejadas. 

Não há busca sensata.

Nem queda sem asas.

Nem é preciso fazer sentido onde impera o amor. 

Tudo é poesia. 

Líquida.

Efêmera.

Rarefeita.

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 14/08/2024
Código do texto: T8128730
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