O TROCO

Um dia temos o reino nas mãos e o sol parece curvar-se em nosso louvor;

Paramos infantilmente perante o espelho e temos orgulho de tudo que vemos;

Então julgamos poder brincar com a vida, na insana idéia de que dela somos senhor;

E no jogo cego da vaidade, pensamos que jamais perderemos!

Com pés de aço, pisoteamos a sorte que da sarjeta nos ergueu;

E não olhamos para trás, nem para o infortúnio que no presente semeamos;

Iludidos e qual narcisos, esquecemos até de quem nunca nos esqueceu;

E pensamos que sempre sorriremos, porque até aqui não choramos!

Na vã sensação de triunfo, nem o perdão imerecido tem o nosso valor;

Todos os atos levianos, são coroa de nosso desenfreado egoísmo;

E nem cogitamos a iminente proximidade, da queda e sua imensa dor;

Onde pagaremos cada centavo, por nosso acentuado cinismo!

Então numa breve página de nossa história, somos visitados pelo tempo;

Ele altera a antiga imagem, que vimos outrora no espelho;

Agora enxergamos de perto todas as rugas do lixo que temos por dentro;

E somos esbofeteados pela consciência, de quem sempre ignoramos os conselhos!

O sorriso arrogante dá lugar agora a ossos secos de solidão;

Há um imenso vazio onde um dia esteve quem tanto nos amou;

Onde andará esse alguém, a quem ofertamos tanta humilhação?

Talvez agora sorrindo, quem tantas vezes por nós já chorou!!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 11/01/2008
Reeditado em 11/01/2008
Código do texto: T812671
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