Ora poeta, ora poesia
Na sede de saber quem sou
Eu me olho no fundo das cores vívidas
E nos traços pálidos que me contornam
A face, a mente e as inquietudes.
Ao espalhar das horas ávidas por vida
Não me pareço com o reflexo do espelho já visto
Nem caibo nas minhas tantas linhas já lidas
Da pele, das folhas e dos fios.
Corro célere entre ideias e abismos
Enquanto tempestades desaguam dentro de mim.
Sou palavra desnuda na bruma do pensamento
Em filetes do que penso ser e do que seria
Se um dia eu coubesse em algo findo.
Na imensidão da alma que me habita
Eu me desfaço de tudo na minha própria fantasia.
Na ânsia de ser algo intangível, vasto e indefinido
Indefino as rimas nos versos que me definem
Por ser ora poeta, ora gigante, ora poesia.