Agora eu sinto cheiro
de chuva...
e às vezes sinto cheiro de chá.

Certa vez senti cheiro
de Montilla e às vezes até
senti cheiro de morte.

Agora eu sinto cheiro
de chuva...

E certas vezes senti um cheiro
agridoce de um novos amores.

... Eram como cheiro
de livros novos, discos novos.
E se acabavam como velhas brigas
e o velho odor moribundo,

... de um empreendimento falido.

Eu sinto o cheiro das vozes
e dos sons psicodélicos
que produziram medicações

que adentravam
os meus ouvidos, assim como...
a pureza do puro café.

A pureza das lembranças de
um passado feliz, assim como
tudo que já foi virgem, em mim...

E que terminou
violado, muitas vezes,
por mim mesma.

Eu sinto o odor das decisões
pensadas ou impulsivas...
e sinto cheiro de saudade.

Agora sinto cheiro de chuva...
E ao mesmo tempo sinto cheiro
de biscoitos e petiscos...
e presunto...

Sinto cheiro de papel reciclado
Sinto cheiro de livros velhos.

Que eu continuo
lendo e relendo...

Relendo, relendo, relendo...

Eu sinto cheiro
de chuva...
E apesar dos pesares,
eu ainda sinto um

Cheiro terrível de VIDA
saindo por todos os buracos
de todos os quatro cantos
do quarto.


 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 29/07/2024
Código do texto: T8117462
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.