Aragem da madrugada

Em meio a aragem da madrugada

as palavras se atrevem...

desejam eternizar rastros aos pés do poema...

Mas, já foram bloqueadas pelo tempo.

 

Por isso, ao mesmo tempo...

que falam... se calam.

É o medo de semear pegadas

e estas serem cobertas de areias

ou apagadas pelo vento.

É que tantas gerações de rastros

já se perderam da multidão...

Sumiram do tablado do mundo...

 

A timidez não cala. Contempla.

Faz iniciante a alma ancestral...

que caminha em silêncio

em meio aos telhados da alma...

 

Mãos estendidas de amor

recolhem o essencial

da noite que ensina.

Em amor e silêncio

a alma alcança e toca

a florada de versos.

Afloram sentimentos...

Silêncio... só sentir...

 

Em meio a aragem da madrugada...

as palavras se atrevem...

E as mãos tecem poemas

em voz de luz cintilante...