SIGNO DE PEIXES
Na confluência de alma e corpo,
Dois peixes nadam, em rumo inverso,
Um no real, outro no sonho,
Entre o ser e o não ser, imerso.
Ora creio em tudo, ora em nada,
Um desafio de ser e não ser,
A alma, angustiada, se cala,
O corpo, frágil, sem poder vencer.
A alma grita em sua filosofia,
O corpo se perde em fantasia,
Em luta constante, se debatem,
Como sombras, que sempre se abatem.
A alma, dúvida que consome,
Quer seguir, mas algo a detém,
O corpo, livre, não tem nome,
Vive no mundo, mas não se tem.
O corpo almeja os prazeres mundanos,
A alma, busca a verdade suprema,
Nessa dança de anseios insanos,
O ser, se desfaz em um dilema.
E na filosofia, a alma se perde,
Limitada, se cala, submissa,
Cede ao livre-arbítrio, cede,
Mas na dúvida, ela nunca é omissa.
Ser ou não ser, eis a questão,
Nessa maré de incerteza e razão,
Alma e corpo, em perpétua contradição,
Nadam juntos, em um só coração.
Tião Neiva