Lágrimas

Escorram sobre as faces

daquele que nunca foi ou será.

Na escuridão da ignorância,

onde arrogância me faz repousar.

Escorra vida insólita,

fluida de meus átrios internos.

Que à sua luz fiquem claros meus pesares

antes que minhas feridas tornem-se apenas retórica.

Espero porém que venhas me encontrar,

dilacerador de almas,

para que em seus braços, gélidos como a noite,

possa descobrir o motivo de te esperar.

Mas calem-se essa noite murmúrios,

mortos em seus sepulcros cantam meu nome,

ouçam a voz daquele que jaz em amargura,

e que assim sozinho voe

perdido e sem armadura