O fio sobre a face do abismo

Sempre foi assim entre nós.

Quanto mais longe,

mais perto estávamos.

Foi em nós que o longínquo

se comunicava com o profundo.

Quanto mais fundo, mais perto.

A dialética da vida que colocou

o distante e o profundo próximos,

amalgamados e ligados

pelo fio de prata da vida.

Quanto mais o fio se esticava

sobre a face do abismo,

mais equilíbrio dava para a travessia

de unir duas partes de uma mesma gema

que se buscam desde a ancestralidade

do tempo do tempo.