pois vejo as horas contando diferentes histórias
pergunto-me
se Frederic Henry sobreviveu ao desamor,
assim como eu renovei o meu.
hoje sou mais velho do que ele já foi,
e sigo com meus dias
de luta
em uma guerra de um óbvio fim.
pergunto-me
se Henry Chinaski parou de beber,
assim como eu parei de me cobrar.
e ainda sou mais novo do que ele
algum dia já foi,
mas o sol que o iluminou
é o mesmo que vejo nascer
quando estou em pé
dentro do ônibus
indo enriquecer alguém que odeio.
pergunto-me
se o verme sentiu-se saciado
com o gosto de um cadáver
vazio.
algo que lutei para nunca ter.
de tragédias repentinas
me puxando pelo calcanhar,
de alegrias planejadas
me puxando pelas mãos,
ou beijando meus olhos
antes de dormir
depois de um longo dia.
pergunto-me
diante do espelho
se a água matará minha sede,
se o sono descansará meu corpo
se a comida ainda terá gosto,
mas tenho certeza
que o sol há de se levantar
outra vez.