pois vejo as horas contando diferentes histórias

pergunto-me

se Frederic Henry sobreviveu ao desamor,

assim como eu renovei o meu.

hoje sou mais velho do que ele já foi,

e sigo com meus dias

de luta

em uma guerra de um óbvio fim.

pergunto-me

se Henry Chinaski parou de beber,

assim como eu parei de me cobrar.

e ainda sou mais novo do que ele

algum dia já foi,

mas o sol que o iluminou

é o mesmo que vejo nascer

quando estou em pé

dentro do ônibus

indo enriquecer alguém que odeio.

pergunto-me

se o verme sentiu-se saciado

com o gosto de um cadáver

vazio.

algo que lutei para nunca ter.

de tragédias repentinas

me puxando pelo calcanhar,

de alegrias planejadas

me puxando pelas mãos,

ou beijando meus olhos

antes de dormir

depois de um longo dia.

pergunto-me

diante do espelho

se a água matará minha sede,

se o sono descansará meu corpo

se a comida ainda terá gosto,

mas tenho certeza

que o sol há de se levantar

outra vez.

Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 18/06/2024
Código do texto: T8088419
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