Sempre Querem Mais
Quanto mais eu faço, mais querem
No afã insaciável da vida
Desenho em linhas que os demais esperem
Mas nunca encontram a saída
Faço do suor poesia
Do esforço, a melodia
Mas a alma insatisfeita
Nunca cessa a romaria
Crescem as demandas no peito
A fome voraz sem fim
Em cada ato perfeito
Um vazio se abre em mim
Dão-me aplausos e sorrisos
Mas em olhos, o anseio brilha
Querem mais do que lhes dou
E a paz, fugaz, se exila
Quanto mais eu faço, mais querem
No ciclo que a vida dita
A alma em lutas se perde
Na busca eterna e infinita
Se o que ofereço é vasto
Se estico a mão para dar
Ainda assim, o que faço
Não consegue sossegar
E assim, sigo a jornada
Entre sonhos e a esperança
Na corrida desvairada
Da alma que nunca descansa
Que seja o fazer meu guia
Mesmo que não baste aos outros
Pois na plenitude do dia
Encontro meus próprios louros