Escrita no ar
Escreves tristes palavras no ar,
Versos do presente no passado,
Tempo em grãos na ampulheta,
Vida passageira no trem sem volta,
Notas de uma melodia de saudade,
Sonhos outrora soprados ao vento,
Perdidos no horizonte entrecortado,
Lágrimas misturando-se à chuva,
Nessa noite sem estrelas, sem brilhos,
A vida segue como um rio, em frente,
Brumas impedem de ver o porvir,
Ah, o futuro que não se revela,
Amanhã sem previsões ou certezas,
Procuras garantias inexistentes,
Contos de pura ficção ausente,
Mentiras delirantes para confortar,
Revolves conchas na areia da praia,
Enquanto as ondas do mar se movem,
E a maresia age sobre as vidas,
Somos todos essa efemeridade,
Sentidos que se esvaem no finito,
Significados que se embaralham,
Nas tortuosidades do caminho,
Esperas ser mais do que serás,
Desejas ter mais do que terás,
Pedes mais do que mereces,
Para falhar miseravelmente ao final...