Inconsistência
O que da vida anseio
Se não da troca o devaneio
E reciprocidade espontânea
Em meio à overdose contemporânea?
Que torna o sonho um pesadelo
Que instiga o vício à dopamina
Mas que o sentir tanto recrimina
Sem à alma qualquer zelo
Salta ao peito o coração
Num turbilhão a mente acelera
Mas quando mente se dilacera
A mais intrínseca afeição
Bastaria persistir no confiar
Quando a incerteza rouba o ar
E me afugenta a atenção
E a angústia da contradição?
Há aflição na primavera
Seja no vento ou na espera
Do aconchego à existência
Do interesse na consistência