Ela...
Ela vem pairando sobre o vento, desvendando seus próprios olhos
Vem desgarrando-se de seus próprios sentidos e beirando a linha da eternidade
Suas lágrimas forjam oceanos e seu balançar constrói universos
Ela abraça a doce figura em seus braços, a chama de filho, e acalanta a existência
Tão simples anseio desfaz as colunas da escuridão
Nesses traços tão pequenos e subjetivos ela refaz a poesia em beijos
Doa o próprio existir e não nega a dor da entrega
Apenas olha nos olhos do espelho e reconhece algo mais
Ela vem, branda e calma, como a música que corre pelas veias
Vem transpassando a inutilidade de certos sentimentos
Vem em anti-condicionalismo, vem entrepondo-se ao infinito
Vem esbravejando amor e ódio, vem determinando seu caminho por entre as pedras
Vem quebrando a porcelana de seu coração, arrancando as pinturas da memória
Vem recriando um novo motivo, uma nova síntese pós-geradora
Nas entranhas da máquina criadora, do pintor existencial, apenas um grito
... e então, nada mais que apenas o silêncio que maquinou as eras... breves asas de luz...