A CAÇADA

Eu sou dois olhos por detrás da moita

Uma abundância de si-mesmos passa

Destes espécimes já capturei muitos

Só que existe um que não dá o ar da graça

Sou dois ouvidos tentando captar

O mais arisco sei que aqui se esconde

Sinto a presença no silêncio do ar

Perto ele está, não consigo ver onde

Sei que ele existe pois vejo seu rastro

A se estender no meio do capim

Seu caminho de destruição é vasto

É uma ameaça permanente a mim

Eis que, de súbito, furtiva sombra

Sobre mim salta, caio na cilada

Puxo o gatilho e a fera toda tomba

E eu durmo ali, no meu sonho de nada