Eu...

Sou todos nós num só;

Arco-íris de chuva molhado pelo sol.

Todos somos só eu,

E eu, só, tenho sonhado solidão.

Despeço-me todas as noites de mim.

Sou diferente a cada noite.

A cada pulsar das horas,

A cada sopro de vento,

Nascem novos dias em meu quintal.

Vejo, da janela, meus sorrisos molhados

Escorrendo pelo ralo,

São sorrisos cínicos que não conheço;

E, se conheço, não me lembro de onde.

Talvez sejam meus, talvez não.

Esperei muito para suportar meu choro,

Para revidar à altura,

Para perceber tua mágoa,

Despida de toda sutileza

Que me cospe na cara.

Essas falas não são minhas,

Esses versos não são meus,

O chão que eu piso me é estranho,

Não reconheço minha voz rouca

Soluçando, pedindo respostas.

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 05/01/2008
Código do texto: T803977
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