Eu...
Sou todos nós num só;
Arco-íris de chuva molhado pelo sol.
Todos somos só eu,
E eu, só, tenho sonhado solidão.
Despeço-me todas as noites de mim.
Sou diferente a cada noite.
A cada pulsar das horas,
A cada sopro de vento,
Nascem novos dias em meu quintal.
Vejo, da janela, meus sorrisos molhados
Escorrendo pelo ralo,
São sorrisos cínicos que não conheço;
E, se conheço, não me lembro de onde.
Talvez sejam meus, talvez não.
Esperei muito para suportar meu choro,
Para revidar à altura,
Para perceber tua mágoa,
Despida de toda sutileza
Que me cospe na cara.
Essas falas não são minhas,
Esses versos não são meus,
O chão que eu piso me é estranho,
Não reconheço minha voz rouca
Soluçando, pedindo respostas.