IMPROVISOS DE AMOR
As verdades que escrevo.
Aqui, ali, nos cadernos, na agenda, no notebook.
Escrevo também nas pedras da calçada e em cada sulco
De terra que atravesso e percorro no meu caminho.
Escrevo nos fios das estrelas cadentes e nos versos de cartões.
Escrevo palavras e frases soltas ou raciocínios coerentes.
Escrevo sobre a falta de lucidez ou discernimento
Ou sobre os momentos de loucura.
Mas escrevo também nas gotas de chuva que escorrem
Nos vidros da porta do quintal.
Escrevo palavras corretas que definem o que sinto.
Nunca paro de escrever, mesmo que por vezes este canto
Pareça abandonado ou o pensamento paire no ar.
E as últimas folhas escritas relatem meses passados.
Às vezes escrevo no olhar e nas linhas das mãos.
Que levo ao rosto quando choro.
Todas elas não são para mim. Deito-as ao vento para
Que pintem de amarelo os girassóis ou que tomem voz
Ao caminho de estações para que me traga de ti sussurros
E improvisos de amor.