Trovoada
Trovoada
Hoje, o sertão amanheceu sob uma fina chuva, Os pássaros, embora ainda cantem, agora estão recolhidos, Empoleirados nos ramos das catingueiras, Nos arredores de minha simples choupana.
Uma leve neblina paira sobre o casebre de sapê, Que solta por uma velha chaminé uma suave fumaça, Com o aroma reconfortante do café torrado. A senhora idosa, dona deste singelo lar, Abre a porta da cozinha, iniciando um alvoroço, São as galinhas buscando o milho no chão batido, Jogado pelas mãos enrugadas da velha sertaneja.
Ao lado da cabana, um alpendre improvisado, Com varas de sabiá e coberto com palhas de palmeira, Ali dorme um cão vira-lata, No cantinho da parede, desviando-se da água que escorre da biqueira.
Ao lado da janela em ruínas, sob o fogão de lenha, Dorme o gato biringó, E acima, no telhado de sapê, enganchada em um pedaço de arame enferrujado, Fica uma gaiola que abriga um Cancão; Uma gralha escura de canto estridente.
De repente, um estrondo ecoa, o gato se assusta e corre, E um clarão invade todo o casebre. É a trovoada chegando ao sertão.
Alexandre Tito