Astenia da existência
Do cansaço embutido em palavras, cansei-me.
Meu desejo de mudar partira como elã, mas para onde?
Como um élan, o desejo de correr a pensar se esconde?
Com a desordem dos meus sentidos, casei-me.
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Jocosamente afirmo estar cansado de falar,
Uma vez que da palavra mal me sirvo, mas dela sou servo.
Moldo-a sem transparecer o pensamento que conservo.
Para que me serviria este banal palavrear?
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Celeremente passo não querer movimentar.
Como onde estou, outros milhões iguais não levam a nada,
Nem vejo azo que me sacuda, derruba, mova ou dê facada.
Respondendo, lugar nenhum, nem quis ficar.
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Detidamente prefiro sentar-me e não pensar.
O desejo de não pensar atravessou-me como a luz o cristal.
Pena que isto é inerente de mim, enquanto vivo, ser mortal.
Só, contemplo sonos sem sonhos, meu gozar.
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Mas em mixórdia mental mantenho cansado,
Cansei de pensar, pesar na mente e ironizar com frequência.
Em suma, numa desordem de sentidos cansei da existência.
Sobre isto? Morri para mim e não fui sepultado.