A Melancolia Da Estrada Noturna
A cidade é deixada p'ra trás
O momento é fluído e vívido
E quem ainda sente-se vivo
Nas entrelinhas do amanhã?
Um cigarro, um whisky, uma maçã
Antenas emitem sinais dispersos
O relevo exprime o progresso
Nas curvas sinuosas ao passar
E ainda assim, querida
Por onde anda o teu olhar?
A música é uma doce companhia
A lua já não segue a dança
Da ausência se faz a esperança
Na fala que soou comedida
Espelhos d'água refletem a vida
Há dores que são deixadas no asfalto
Expectativas que voam tão alto
E caem como chuva a molhar
Caem dos sonhos, querida
Como estrelas cadentes no teu olhar
Há um silêncio no contratempo da fala
A liberdade bebe o horizonte
Campos de trigo sussuram teu nome
Nos arcos do tempo infinito
O dia se mostra bonito
Ao longo dessa jornada
O vento acalenta a estrada
Num afago docemente familiar
Num reconhecimento inevitável, querida
Como a primeira vez que vi o teu olhar