O Ábaco
Nunca tive milhares
Quando muito dois e meio
Era uma época boa
Onde o pouco dava pra viver
Com alguma folga
Só que as rasteiras da vida
Fizeram branquear minhas melenas
E hoje, para pagar tantas contas
Trago umas poucas centenas
E com o resto,
Aqui já se falam em esparsas dezenas
Vou ao mercado em busca de coisas pequenas
Sem lamento
Componho assim meu sustento...
Só que hoje,
Num misto de humilhação e humildade,
Chego a amealhar a unidade...
Ao contrário da rima
Esse poema se deu de cima pra baixo
E, eu acho que aprendi uma lição
As coisas tem um valor muito maior pra quem é pobre...
Um dia voltarei a ser "nobre"
Dando muito mais valor a tudo...
Calma.
A verdadeira nobreza nunca se foi.
Estava na alma.