Desperto
Arranquei um órgão
Vermelho e pulsante
De dentro do peito.
Sangue vivo, cor da carne.
Machucado e ferido,
Arremessei-o pela janela.
Observei a queda e
Ouvi o som da distância.
Caí junto, sentindo o ar
Um corta-vento
Não-giratório.
Escutei o palpitar acelerado
Do que já não estava aqui.
Fechei os olhos
E apreciei o chão receptivo,
A dor inebriante,
Perdi o fôlego.
O barulho surdo,
A confusão muda,
A escuridão luminosa.
Por fim, havia de despertar.