Travessia

Todos os dias me levanto

às cinco horas.

Quem pudera viver esta imensa

loucura de meu dia-a-dia.

Esta certeza de brincar com

as nuvens é a única coisa

que tenho.

As gaivotas me parecem

quase ao alcance das mãos

e o delicado outono,

me empresta os sonhos

dos poemas sem fim,

dos devaneios daquelas que li,

de tantas Marias, tantas Lélias e Cecílias.

E esta certeza de brincar com

as nuvens é somente sonho,

daqueles de alecrim.

A travessia me parece sim,

sem fim. O recomeço, o acordar sem

ter às mãos o giz

e o ócio de minhas epopeias

fazendo a vida passar

como bolhas de sabão.

Iva França
Enviado por Iva França em 26/01/2024
Código do texto: T7985428
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