Dona da noite
Enquanto o governador do dia a deixa,
Perdida fica na companhia da lembrança.
Logo a dona da noite se queixa,
Pois toda poeta traz essa semelhança.
Tal dona não suporta mais essa postura.
Sem cansar, a poeta continua a questionar.
Assistindo de cima sua aventura,
Calada a dona há de ficar.
Por fora, parada a poeta permanece;
Por dentro, caminha sem parar.
Resiste em prece,
E vai se perdendo até se reparar.
A poeta não encontra a resposta que tanto procura,
Somente a presença que lhe tira a postura.
Talvez a presença, um dia,
Possa aumentar-lhe a postura