Mentiras para ensinar aos anjos
Toda reflexão vazia traz um fundo de verdade.
Toda a sabedoria baseia-se na perseguição dessa profundidade.
Todos os conhecimentos são intercambiáveis, como as águas sobre o leito do mar.
As horas da insônia e da vigília servem somente à religião.
Para suscitar o reavivamento do fanatismo.
Na eterna busca do eu – encontrar um sentido para minha vida.
Todos os exércitos do ateísmo mascaravam os impérios da fé.
A ciência não passava de blocos de carnaval, bandas circenses, os elefantes de Alexandre Magno…
A vontade nobre nada mais era que ordem, e a curiosidade – apressada em ser ganância.
O arsenal da minha moralidade, por fim, voltou-se contra mim.
Utilizo da mesma selvageria, que usei para explicitar as mentiras de outrem, para expor as minhas.
Agora todos os meus atos e gestos para me resgatar são “auto-indulgência”.
Todo o conhecimento era do auto-direcionado egocentrismo.
E agora, a fonte de água foi contaminada pelo meu nojo sujo, e por este espelho infinito…