Digo a mim mesmo

Digo a mim mesmo

que todos esses 365 dias

serão de luto da alma.

Morrendo e transformando cada dia.

Há coisas que já não sei mais,

há perdões que já me perdoei

e há motivos de não falar tudo o que pensei.

Amanhã nada meu pode estar aqui

e se nada ficará

o que seria, afinal, meu?

Meu pensamentos eu controlo

vejo-os como um cão furioso

prestes a romper a coleira,

a boca salivando garras nunca vistas

perseguindo minha caveira.

Se nada é meu e eu não estarei aqui amanhã,

por que eu não paro e deixo ele vir?

Senti seu focinho acariciando minha canela,

o medo que exalei foi munição para ele ficar,

mas não para me morder ou me acabar,

mas para sentir que ali poderia ficar.

Ninguém nunca foi tão verdadeiro a ele

e talvez por isso raiva sentia,

procurar alguém fiel e nunca achar.

Mas talvez tenha sido o dia

amanhã, outra versão de mim ele poderia estraçalhar.

Mas se não tenho certeza do dia que virá

o falar agora ajudou a me salvar.

bargeli
Enviado por bargeli em 16/01/2024
Código do texto: T7977450
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.