Digo a mim mesmo
Digo a mim mesmo
que todos esses 365 dias
serão de luto da alma.
Morrendo e transformando cada dia.
Há coisas que já não sei mais,
há perdões que já me perdoei
e há motivos de não falar tudo o que pensei.
Amanhã nada meu pode estar aqui
e se nada ficará
o que seria, afinal, meu?
Meu pensamentos eu controlo
vejo-os como um cão furioso
prestes a romper a coleira,
a boca salivando garras nunca vistas
perseguindo minha caveira.
Se nada é meu e eu não estarei aqui amanhã,
por que eu não paro e deixo ele vir?
Senti seu focinho acariciando minha canela,
o medo que exalei foi munição para ele ficar,
mas não para me morder ou me acabar,
mas para sentir que ali poderia ficar.
Ninguém nunca foi tão verdadeiro a ele
e talvez por isso raiva sentia,
procurar alguém fiel e nunca achar.
Mas talvez tenha sido o dia
amanhã, outra versão de mim ele poderia estraçalhar.
Mas se não tenho certeza do dia que virá
o falar agora ajudou a me salvar.