NÃO ME AMEM
Estremeçam com o trepidar das curvas do pescoço
E com a acidez do aroma que me encharca a pele nua.
Afundem-se na terra lamacenta
Que albergo na profundidade do castanho dos meus olhos
Mas não chorem pelas palavras amarguradas
Que derramo no papel frio.
Adorem o meu sorriso pregado nos lábios
Como uma rosa que levo na lapela para embelezar,
Mas não sorriam com os versos pinchados com gotas de alegria
Roubadas aos olhos do palhaço triste parado na esquina.
Idolatrem a minha alma sensível
Que flutua nos sonhos como se fosse uma leve pena.
Mas não voem no dorso das letras negras
Que carimbo no papel com os dedos em brasa.
Apaixonem-se pelos gestos singelos que desenho no vazio
E pelo toque suave das minhas mãos morenas,
Mas não me amem pelas palavras que escrevo.
Mas pela essência de um romântico apaixonado...