Sinfonia da Indiferença

Ser um tanto faz, não faz sentido,

Dilacera, aniquila, torna-se vazio, esquecido,

O valor que antes de súbito sentia,

Se dissolve na vida, se esvazia.

Tanto faz o amor que sentia,

Nas madrugadas sonhando o que nunca seria,

Tanto faz o sentir, o acordar e sorrir,

Dentro do coração em que vivia.

Tanto faz abrir as janelas,

Deixar entrar a brisa fria,

Se no âmago do sentir,

Tanto faz o amor que queria.

Tanto faz se calar no silêncio ou falar no burburinho,

O silêncio que não grita, não mais se decifra,

E as palavras no vozerio intenso, param de fazer sentido,

Quando, de fato, o tanto faz aniquila a sinfonia.

Tanto faz os poemas mortos escritos em vida,

Quando a vida já não tem mais abrigo, nem mesmo sentido,

Um tanto faz, por vezes, abre longos caminhos,

Mas fecha portas e janelas sem seu devido aviso.

De repente, o que era preso, torna-se livre,

Buscando a esperança perdida nos beirais do abismo,

E na perda, sem pedir, perde-se os sentidos,

E volta a ser vazio, na imensidão do desconhecido.