Fui eu quem me trouxe à tona
Do fundo do teu esquecimento
E em tua memória renasci
Ou sobrevivi...
Mas não é vero este momento
Porque amores não comem deste alimento
Fui eu quem te acordou
Quando sonhavas outros sonhos
E li isto em teu cenho
E no frio mar mergulhaste...
E junto levaste teus mais íntimos pensamentos
Mas o que não sabias
É que quiméricos pensamentos são d'espuma...
Não descansam no lodo eternamente
Flutuam
E despertam um tanto indolentes
Dormentes
E nem percebem se à volta alguém os sente
Fui eu quem te trouxe à tona
Do fundo do meu esquecimento
Em minha memória revivi
Mas não vi...
Não era meu tal momento
Porque meu momento partiu há muito
com o vento...
Fui eu quem mergulhou no frio mar
E de lá arrancou as quimeras qu’escondestes...
Recobertas com areia,
Inocente movimento...
Sou eu quem ora volta a mergulhar
E comigo nada mais trago
Nem areias entre os dedos
Nem sonhos ou medos
Sou eu quem ora volta ao mar
E me deposito no leito
Inerte peito...
Dum silencio absoluto
E não deixo disto rastro
Lambo meu passo...
Salgada língua que sepulta a tudo
Passos...
Quimeras...
Pensamentos de fundo