NOTURNAS
A SOLIDÃO NÃO ME ASSUSTA MAIS,
NÃO ME FASCINAM AS LUZES DE NEON.
QUIETO, NOTURNO CAMINHANTE,
EM CADA PASSO, AQUI E AGORA,
CONSTRUO O CAMINHO
QUE ME LEVA AO FUTURO.
QUE DIRÃO DAS NOITES OS PASTORES?
QUE DIRÃO DAQUELES QUE NÃO VÊEM
O NEON ESTAMPADO NAS ESTRELAS?
NÃO ME ASSUSTA MAIS O SILÊNCIO,
QUE O RUMOR DAS ÁGUAS PARADAS.
PARA QUEM SABE NELAS NADAR,
AS ÁGUAS SÃO VENTRES TRANQUILOS
QUE NOS ENVOLVEM CHEIAS DE CARINHO.
NÃO BUSCAREI DA SOLIDÃO
A SUFICIÊNCIA DE MIM MESMO,
MAS O ALIMENTO DA INDIVIDUALIDADE.
NÃO QUERO CONFUNDIR-ME ÀS MASSAS,
MAS, SIM, SOMAR-ME A ELAS.
Semana santa / 1987