O fardo do louco
Eles nascem no olhar de repúdio
Os rejeitados desde o prelúdio
Chegam respirando, e o ar é julgamento
Chegam chorando, e lhes calam o sentimento
São os seres dejetos
São os seres objetos
São os seres desafetos
São os seres Incompletos
Os maus vistos pelas regras sociais
Os Portadores da indesejável presença
Os apelidados de descontrolados anormais
Os sinônimos vivos da ofensa
São os seres dejetos
São os seres objetos
São os seres desafetos
São os seres Incompletos
Na ABNT do sentimento, ficam fora dos padrões
Na escrita do coração, não aplicam formatações
No ritmo do batimento, disritmia de sensações
No timbre da emoção, desafinam suas canções
São os seres dejetos
São os seres objetos
São os seres desafetos
São os seres Incompletos
Lhes dopem a mente
Lhes tirem a voz
Lhes tornem indigente
Até que se afastem de nós
São os seres dejetos
São os seres objetos
São os seres desafetos
São os seres Incompletos
Lhes tranquem em salas
Adestrem suas falas
Lhes prendam em camisas
Domem as bestas inconcisas
São os seres dejetos
São os seres objetos
São os seres desafetos
São os seres Incompletos
Nos jogam na marginalidade
Nos excluem da vida em sociedade
Nos negam o direito do livre arbítrio
Nos condenam ao inferno, vulgo Hospicio
Somos os seres dejetos
Somos os seres objetos
Somos os seres desafetos
Somos os seres Incompletos
Somos a marcha dos sem juízo
Somos o calor dos ventos de siroco
Somos os párias na terra de narciso
Em nossas mãos, o fardo do louco