O fardo do louco

Eles nascem no olhar de repúdio

Os rejeitados desde o prelúdio

Chegam respirando, e o ar é julgamento

Chegam chorando, e lhes calam o sentimento

São os seres dejetos

São os seres objetos

São os seres desafetos

São os seres Incompletos

Os maus vistos pelas regras sociais

Os Portadores da indesejável presença

Os apelidados de descontrolados anormais

Os sinônimos vivos da ofensa

São os seres dejetos

São os seres objetos

São os seres desafetos

São os seres Incompletos

Na ABNT do sentimento, ficam fora dos padrões

Na escrita do coração, não aplicam formatações

No ritmo do batimento, disritmia de sensações

No timbre da emoção, desafinam suas canções

São os seres dejetos

São os seres objetos

São os seres desafetos

São os seres Incompletos

Lhes dopem a mente

Lhes tirem a voz

Lhes tornem indigente

Até que se afastem de nós

São os seres dejetos

São os seres objetos

São os seres desafetos

São os seres Incompletos

Lhes tranquem em salas

Adestrem suas falas

Lhes prendam em camisas

Domem as bestas inconcisas

São os seres dejetos

São os seres objetos

São os seres desafetos

São os seres Incompletos

Nos jogam na marginalidade

Nos excluem da vida em sociedade

Nos negam o direito do livre arbítrio

Nos condenam ao inferno, vulgo Hospicio

Somos os seres dejetos

Somos os seres objetos

Somos os seres desafetos

Somos os seres Incompletos

Somos a marcha dos sem juízo

Somos o calor dos ventos de siroco

Somos os párias na terra de narciso

Em nossas mãos, o fardo do louco

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 05/12/2023
Código do texto: T7947561
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.