Estrada até Amsterdã

Será que sou o maluco no pátio da igreja?

Será que sou um bêbado nos vãos do cais?

Será que eu ainda caio na boca do povo?

No ventre da baleia?

Será que eu ainda saio do meio do jogo

Da lei e da espada?

Será que ainda eu caio no esquecimento

E minha vaidade é vã?

Será que faz algum sentido eu me segurar

Na tua beleza efêmera?

Sou mais um penduricalho que ajeitas (no pescoço)

No teu espelho oval?

E salto entre as tuas mamas a noite inteira

Sem descanso?

Sou eu que passo enquanto arrasto o olhar

A me olhar arrastando o meu saco?

Sou dois, ou mais, o diabo, que me fustiga

Com seu espeto de ironia?

E passo, apresso o meu passo, só olho pra frente

Mas não desvio o olhar?

E sinto as pontadas nas minhas costelas

E as rajadas de frio por uma estrada longuíssima…

Até Amsterdã.

Eli Jardel Alexandre
Enviado por Eli Jardel Alexandre em 24/11/2023
Código do texto: T7939507
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.