Estrada até Amsterdã
Será que sou o maluco no pátio da igreja?
Será que sou um bêbado nos vãos do cais?
Será que eu ainda caio na boca do povo?
No ventre da baleia?
Será que eu ainda saio do meio do jogo
Da lei e da espada?
Será que ainda eu caio no esquecimento
E minha vaidade é vã?
Será que faz algum sentido eu me segurar
Na tua beleza efêmera?
Sou mais um penduricalho que ajeitas (no pescoço)
No teu espelho oval?
E salto entre as tuas mamas a noite inteira
Sem descanso?
Sou eu que passo enquanto arrasto o olhar
A me olhar arrastando o meu saco?
Sou dois, ou mais, o diabo, que me fustiga
Com seu espeto de ironia?
E passo, apresso o meu passo, só olho pra frente
Mas não desvio o olhar?
E sinto as pontadas nas minhas costelas
E as rajadas de frio por uma estrada longuíssima…
Até Amsterdã.