Lembras-te da «pequenina luz bruxuleante» do verso de Sena?

Anoitece no Ganges, tudo nos é tão estranho aqui, e no entanto,

vinda de onde não sabemos, de uma casa, de uma ruína, de um templo,

vem uma pequena luz chamar-nos para dizer do nosso comum destino.

 

Vou contar: íamos para Belur,

onde ensinaram Ramakrishna e Vivekananda,

compenetrados, atentos aos pormenores do caminho fluvial

(os ghats, o povo que lava e queima os seus mortos no rio,

com troncos e tábuas, mas sem caixão) e íamos a meditar em coisas muito sérias

e muito hindus e multiculturais.

Mas de repente tudo o que nos rodeava perdeu o seu sentido,

porque anoitecia simplesmente e uma luz nos chamava dentre o lusco-fusco.

Uma pequenina luz bruxuleante. Just a little light…

Tudo se tornou ao mesmo tempo mais comum e mais simples na sua estranheza

 

São momentos em que entendemos que somos da mesma gente,

neste país de tão diversa gente…

Mas só porque uma luz se acendeu na margem do Ganges

entre Calcutá e Belur – uma pequena luz vitoriosa!