Que ficará das palavras

que tantos escreveram sobre a terra?

Às vezes, num velho mosteiro, aparece um rolo

manuscrito e os poemas sânscritos são tão vivos, maliciosos,

e ao mesmo tempo tão obedientes às fórmulas e às metáforas

consagradas,

como os poemas helenísticos da Antologia Palatina.

 

Um mesmo espírito liga esses gregos romanizados

aos hindus decadentes e fesceninos que tais versos escreveram

no oitavo século já da nossa era.

 

Os corpos reinam: próximos, confundem-se

numa aproximação eterna de tão efémera

e assumidamente mortal. Eram assim os deuses, dizes?

Algum dia saberemos?