Teatro da existência
Procuro suportar todos os dias minha própria personalidade renovada, despencando dentro de mim, tudo que é velho e morto. Neste teatro da existência, onde sou ator e espectador, enceno a busca incessante pela autenticidade.
No palco do eu, despojo-me das máscaras que acumulei ao longo das estações. Cada amanhecer é uma oportunidade de desvendar camadas antigas, de desnudar-me diante do espelho da verdade interna. Deslizo pelas águas turbulentas do meu ser, como um rio que esculpe sua própria paisagem.
Despeço-me dos medos que outrora me paralisavam, como folhas que caem no outono, permitindo que novos brotos de coragem floresçam. Neste ritual diário, cada desprendimento é uma dança com o desconhecido, uma sinfonia de notas que ecoam pelas cavernas da minha alma.
Às vezes, é como uma escavação arqueológica, explorando as profundezas do meu ser para resgatar tesouros esquecidos. Encontro lembranças enterradas, sentimentos fossilizados, e os observo como relíquias de uma jornada que me trouxe até aqui.
Despenco de alturas que já não me servem, como folhas que caem de uma árvore para fertilizar o solo. Deixo para trás os vestígios de versões antigas de mim mesmo, aceitando que o crescimento requer soltar-se do passado e abraçar o presente com os braços abertos.
Nessa viagem interior, encontro a beleza da impermanência. A vida é um constante fluir, uma dança com as estações, onde o velho cede espaço ao novo. Cada queda é uma ascensão, cada renúncia é um renascimento.
Procuro suportar todos os dias minha própria personalidade renovada, pois, ao despencar dentro de mim, deixo espaço para que floresça o autêntico jardim da minha existência. E assim, na constante reinvenção, descubro a alegria de ser quem sou, no agora, sem amarras do que já não me serve.
Diego Schmidt Concado