Eu sou poeta

Eu sou poeta

Quando minha alma rasga em dor

e eu suplico ao esquecimento

Quando amar me remete ao terror

e a lembrança se faz sofrimento

Eu sou poeta

Quando lamentam pela injustiça

enquanto assassinam o ideal de igualdade

Quando a coragem se faz omissa

na revolta do grito covarde

Eu sou poeta

Quando ouso sonhar

e bebo o sofrer da humanidade

Quando a compaixão me faz chorar

e a dor do mundo me leva a insanidade

Eu sou poeta

Quando traduzo o que alma quer falar

e dou voz ao que está no interior

Quando meu existir faz meu peito protestar

e chama o “ser razão” de ditador

Eu sou poeta

Quando me atrevo ser verão

nesse mundo tão gelado

Quando meu sangue ferve paixão

e incendeia meu olhar apaixonado

Eu sou poeta

Mesmo que os corações não me escutem

Mesmo que as almas fiquem vazias

Mesmo que os céticos me refutem

Mesmo que assassinem a poesia

Eu sou poeta

Enquanto meu coração bater

Enquanto minha alma ousar sentir

Enquanto a arte ainda viver

Enquanto em mim, ela ainda existir

Eu sou poeta

Até que não existam mais versos

Até que não existam mais artistas

Até que só haja os perversos

Até que só restem os conformistas

Eu sou poeta

Ainda que me falte a letra

Ainda que me falte o caderno

Ainda que meu pecado seja a caneta

Ainda que meu castigo seja o inferno

Eu sou poeta

Ainda que isso não satisfaça o meu peito

Ainda que isso não me conforte

Ainda que esse seja meu defeito

Ainda que me chegue a hora da morte

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 09/11/2023
Reeditado em 01/12/2023
Código do texto: T7927830
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