Metade

Meus pés continuam na corda bamba

O precipício me sussurra lá de baixo:

"Você irá cair!", "Você irá cair!"

E mesmo sem nisso querer crer,

Uma parte de mim acredita

O silêncio às vezes é tão ensurdecedor,

Estamos sempre procurando respostas,

Das perguntas que fazemos e das que não são feitas,

As páginas em branco são um espelho do vazio,

Quando as letras de uma poesia se recusam a rimar,

As palavras se escondem ou se confundem,

E mesmo na busca por confiar,

Tudo parece tão incerto,

Tudo parece tão distante,

Tudo parece tão intangível,

Um sonho em uma bruma,

Uma melodia não composta,

Uma pintura à guache na chuva,

Para onde estamos indo?

Os meus sentimentos são sinceros,

As minhas verdades não mais se ocultam,

Mas será que é o bastante?

Vivi na sombra de um fantasma por tanto tempo,

E talvez agora seja tarde para adentrar à vida,

Para ser mais do que uma ilusão,

Para almejar ter o que só como máscara obtive,

Talvez as estrelas não me estejam destinadas,

Talvez a vida afinal não passe de uma grande representação,

Na dramatização sou o que qualquer coração desejava,

Mas a realidade é o acordar do sonho,

Por trás da maquiagem, talvez só sobre a metade de alguém...