Ousadia
Quisera eu ser Rainha.
Não aquela de grandes reinados, mas a que percorre o tabuleiro, embalada por sua habilidade e auxiliada por seu grande rei.
Quisera ainda ser Torre, com o seu valor de ganho no final do jogo ou quem sabe um bispo, desarmando seus adversários. Ainda assim, atreveria-me cobiçar os poderes de um cavalo e saltar pelos obstáculos, deixando todos precipitados.
Quisera então ter a ousadia de ser Rei esperando em seu aposento que sua rainha, seus bispos, suas torres ou seus cavalos o salve.
Contudo, cabera aceitar que nada sou além de um simples peão a cruzar o tabuleiro sedento de conquista, movido pela audácia de vencer os lentos e limitados passos, hora ameaçado, outrora impedido de continuar, mas incapaz de recuar, pois o que lhe move é o desejo de se tornar quem quisera ser desde o início.