Ousadia

Quisera eu ser Rainha.

Não aquela de grandes reinados, mas a que percorre o tabuleiro, embalada por sua habilidade e auxiliada por seu grande rei.

Quisera ainda ser Torre, com o seu valor de ganho no final do jogo ou quem sabe um bispo, desarmando seus adversários. Ainda assim, atreveria-me cobiçar os poderes de um cavalo e saltar pelos obstáculos, deixando todos precipitados.

Quisera então ter a ousadia de ser Rei esperando em seu aposento que sua rainha, seus bispos, suas torres ou seus cavalos o salve.

Contudo, cabera aceitar que nada sou além de um simples peão a cruzar o tabuleiro sedento de conquista, movido pela audácia de vencer os lentos e limitados passos, hora ameaçado, outrora impedido de continuar, mas incapaz de recuar, pois o que lhe move é o desejo de se tornar quem quisera ser desde o início.

M P Corrêa
Enviado por M P Corrêa em 17/10/2023
Código do texto: T7911060
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